sexta-feira, 9 de abril de 2010

PIRRO I – SEGUNDO REINADO (297 – 272 a.C.) – PARTE II


Representação renascentista de Pirro no Palazzo Pitti em Florença, Itália



A Luta contra Demétrio I Poliorcetes

Enquanto Pirro organizava a sua nova capital e seu país, Demétrio expandia seu poder. Ele já controlava muitas cidades gregas e ainda havia acrescentado a seus domínios a Macedônia e a Tessália bem como diversos estados da Grécia central em 293 a.C. Tal era seu caráter belicoso que Demétrio tinha o apelido de poliorcetes que em grego quer dizer o sitiante de cidades. Os únicos estados que não possuía na Grécia era Esparta no sul e no oeste, a Etólia.
Desde antes do falecimento de Deidamia, Pirro e Demétrio antes tão amigos já não se entendiam. E as suspeitas e desafetos aumentaram após a morte da irmã de Pirro. Entre dois inimigos poderosos e de espíritos inquietos como Demétrio e Pirro, ciúme e disputas nasceram em breve. Eles cobiçavam os domínios um do outro, e os antigos amigos se tornaram inimigos mortais. Demétrio teve de lidar com revoltas na Tessália e Beócia, e havia fortes indícios de que Pirro estava envolvido. A guerra eclodiu em 291 a. C. Durante este ano, Tebas se rebelou contra Demétrio, pela segunda vez, provavelmente instigada por Pirro. Abaixo, ruínas de Tebas.Enquanto o rei macedônio estava indo pessoalmente para dominar a rebelião, Pirro invadiu a Tessália, mas foi forçado a se retirar ao Épiro ante às forças superiores de Demétrio. Em 290, Tebas capitulou deixando Demétrio livre para enfrentar Pirro e seus aliados da Etólia. Demétrio invadiu a Etólia na primavera de 289 e depois de varrer seus campos praticamente sem oposição, marchou para o Épiro, deixando Pantauco no comando da Etólia com um destacamento poderoso. Pirro avançou para interceptá-lo, mas por um caminho diferente, de modo que Demétrio entrou Épiro e Pirro na Etólia praticamente ao mesmo tempo. Pantauco imediatamente enfrentou as forças de Pirro e desafiou o rei epirota para um duelo. O desafio foi imediatamente aceito pelo jovem rei que acreditava que a glória de Aquiles era sua por linhagem e por virtude e assim derrubou Pantauco e poderia tê-lo matado se não tivesse sido resgatado por seus amigos. Os macedônios, desanimados com a queda de seu líder, fugiram sendo perseguidos pelos epirotas que estavam admirados da bravura de seu rei. Abaixo, ruínas do santuário de Thermos na Etólia.Essa vitória, entretanto, trouxe mais vantagens do que aquelas que parecem óbvias: os movimentos ousados e impetuosos do rei do Épiro lembraram aos veteranos do exército macedônio o seu mais querido rei, Alexandre Magno, preparando assim o caminho para Pirro ao trono da Macedônia. Demétrio não encontrou nenhuma oposição no Épiro, e durante a expedição conquistou a ilha de Corcira. Lanassa, esposa de Pirro, indignada que este dava mais atenção as suas outras esposas, havia se retirado para a ilha de Corcira e se oferecido em casamento a Demétrio I bem como a ilha de Corcira. Demétrio aceitou o convite e o dote. Pirro retornou para o Épiro mais irritado do que nunca contra Demétrio, que havia se retirado para a Macedônia. No Épiro, Pirro celebrou sua vitória na Etólia e foi chamado de águia. Ao que Pirro retrucou: “Por vossa causa sou águia. E como não serei elevado às alturas pelas asas de vossas armas?”. No início de 288 a.C. Pirro aproveitou que Demétrio se encontrava gravemente enfermo para invadir a Macedônia. Piro avançou até Edessa, importante cidade macedõnica, mas Demétrio conseguiu superar a sua doença e colocou-se à frente de suas tropas para expulsar o rival para fora do país sem grandes dificuldades. No entanto, dada a sua intenção de recuperar domínios de seu pai na Ásia, se apressou a fazer as pazes com Pirro, para continuar com os preparativos sem ser perturbado a sua retaguarda. Demétrio e Pirro selam uma aliança, mas o Epirota foi o vencedor moral. Abaixo, ruínas de Edessa na Macedônia

A derrota na Etólia e a invasão que se seguiu foram pesados golpes no prestígio macedônio. Afinal, desde os dias do rei Filipe II, os exércitos macedônicos quase nunca foram derrotados. Seleuco, Ptolomeu e Lisímaco, os velhos inimigos de Demétrio, se reuniram em uma coalizão contra ele e decidiram acabar com seu poder na Europa antes que cruzasse para a Ásia. Embora o reino de Demétrio fosse menor do que o de Lisímaco, rei da Trácia, Ptolomeu do Egito e Seleuco da Ásia, ele era o mais poderoso monarca de seu tempo. Seu exército era tão grande como o de Filipe II e Alexandre Magno e sua marinha era mais poderosa. Além disso, ele poderia contar com os gregos. Esse poder começou a provocar uma resistência e os seus concorrentes concordaram em atacá-lo. Ptolomeu mandaria sua marinha ao Mar Egeu; Lisímaco invadiria a Macedônia; Seleuco, cujos territórios que não faziam fronteira com Demétrio, deu apoio moral. Pirro foi facilmente persuadido a quebrar sua recente aliança com Demétrio e juntar-se à coalizão. Assim, na primavera de 287 Ptolomeu apareceu com uma poderosa frota na costa grega; Lisímaco invadiu as províncias superiores e Pirro as inferiores da Macedônia ao mesmo tempo. Demétrio, que deixara seu filho Antígono II Gônatas como regente da Grécia, foi primeiro contra Lisímaco, mas alarmado com o desânimo de seu exército e temendo que este passasse para o lado de Lisímaco, um dos veteranos generais e companheiro de Alexandre Magno, desfez rapidamente os seus passos e se dirigiu para o exército de Pirro, que tinha avançado para Berea e estabelecido seu quartel-general lá. 
Bust of Lysimachus. Archaeological museum, Selçuk (Turkey). Photo Marco Prins.
Lisímaco


Rei da Macedônia
Pirro foi um adversário tão formidável quanto Lisímaco: o carinho com que tratava seus prisioneiros, a sua condescendência e afabilidade para os habitantes de Berea, fez com que ganhasse a boa vontade do povo. Assim, quando Demétrio estava se aproximando, suas tropas desertaram em massa e juraram fidelidade a Pirro. Demétrio foi forçado a fugir disfarçado, deixando o reino ao seu rival. Pirro foi incapaz de qualquer forma a garantir o controle de toda a Macedônia: Lisímaco reclamou a sua parte e o reino foi dividido entre eles sendo a fronteira o rio Axios.
Em 286, Pirro invadiu a Tessália, que até então se mantinha fiel a Demétrio e Gônatas. Pode ter havido algum grau de participação dos atenienses, que atacaram a guarnição de Gônatas no porto Pireu e libertaram-se do domínio estrangeiro. Antígono estava agora reduzido à Grécia central e ao Peloponeso e foi forçado a concluir um tratado de paz com Pirro, no qual ele teve de ceder mais territórios da Tessália em 285. Pirro estava no auge do seu poder. Abaixo, a região da Tessália.
Demétrio acabou por tornar-se prisioneiro de Seleuco I e por fim morreu em 283 após um estado lastimável de embriaguez e enfermidades. Removido o inimigo comum, os aliados Pirro e Lisímaco começaram a brigar. Em 284, Lisímaco simplesmente subornou os comandantes de Pirro fazendo aberturas diplomáticas com os macedônios e no verão de 285, o rei de Épiro teve que retornar a sua terra natal. Embora admirassem a Pirro, os macedônios aderiram a Lisímaco que além de macedônio fora um dos generais de Alexandre Magno. Pirro parece ter reinado sete meses sobre sua porção da Macedônia (sul da Macedônia e a Tessália) que era agora parte do império de Lisímaco, que se estendia desde Termópilas ao Danúbio e do Mar Jônico ao rio Halis, no centro da Ásia Menor. Ao que parece, Pirro ficou inativo três anos, tempo no qual Lisímaco teve oportunidade de invadir o Épiro e profanar os túmulos reais. O império de Lisímaco esbarrava no império de Seleuco e não tardou em estourar a guerra. Assim, em 281, Seleuco I derrotou a Lisímaco que morreu na Batalha de Corupédio, na Ásia Menor. Seleuco se tornou o senhor do império de Lisímaco, mas foi assassinado por Ptolomeu Cerauno que se tronou o novo rei da Macedônia. Como Pirro poderia reivindicar o trono macedônico, pois tinha crédito moral perante o povo de Alexandre Magno, Ptolomeu Cerauno resolveu fazer uma aliança com ele.

REFERÊNCIAS:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pirro
http://es.wikipedia.org/wiki/Pirro_de_Epiro
Los héroes y las grandezas de la tierra: (1855) editado por Fernando Patxot Ferrer. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=gIXzPf_ZFpEC&dq=Sabilinto&source=gbs_navlinks_s
http://www.livius.org/ps-pz/pyrrhus/pyrrhus01.html
http://www.livius.org/ps-pz/pyrrhus/pyrrhus02.html
http://www.mlahanas.de/Greeks/Bios/PyrrhusÉpiro.html

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